quinta-feira, 28 de abril de 2011

Ela, Paragrafado.


Na noite, quando o frio beija minha solidão sinto o tocar de teus dedos no meu rosto gelado, como os acordes de uma nova bela harmonia que irrompe o silêncio de minha pele.  Despertando a curiosidade de um lado meu que a muito eu desconhecia... o lado escurecido pela falta do teu olhar... curiosamente o lado que me faz amar.  Assim os dias passam, as noites correm e eu sigo, sem saber por onde, mas a tua espera.

                                                                  Daniel Gaspar

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Muito Além de Realengo


Fala do presidente da UBES, União Brasileira dos Estudantes Secundaristas sobre Violência Estrutural e educação.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

CONSIDERAÇÕES SOBRE O MASSACRE DE REALENGO/RJ: Por Robson Mello

 
O tempo atual é propício, mesmo, para a produção das muitas teses e hipóteses sobre o que pode ter motivado um jovem a realizar um massacre numa escola pública da zona leste carioca, no bairro de Realengo. As mortes somam o número de onze adolescentes, meninas em sua maioria, na faixa etária que variava de doze a quinze anos. Naturalmente que muitos não conseguem entender completamente as motivações mais intrínsecas acerca desse hediondo crime. Também não faltam especulações! Poder-se-ia adentrar numa vasta seara sobre transtornos mentais de ordens psicológica e psiquiátrica envolvendo inúmeras questões diagnósticas e sua infinita sintomatologia, mas, ora, não é isso o que se pretende com tal artigo. E também não nos restam dúvidas: por mais que qualquer profissional se esforce a dar precisa orientação científica sobre o que pode ter contribuído para que uma mente humana se pusesse pronta a executar tal ato bárbaro e covarde, nada, ao final, parecerá ser capaz, mesmo, de justificá-lo em última instância e, sobretudo, gerar alívio n’alma dos muitos pais que perderam seus filhos de forma tão trágica.

Poderíamos, sim, tecer comentários sobre a estrutura psíquica do assassino em questão. Também poderíamos falar bastante sobre as marcas da sua história de vida e do seu peculiar modo de funcionar na sociedade. No contexto de toda a discussão, não poderíamos esquecer de sua especial predileção para com as meninas quando do seu ato de matar de forma selvagem. A aparência escolhida quando no momento do crime, bem como a análise cuidadosa do conteúdo da carta deixada minutos antes do seu suicídio também não poderiam ficar de fora quando o que se pretende é levar a discussão sobre as justificativas para tal ato, e aquilo que é inerente à constituição mental dos sujeitos, à exaustão. O conhecimento e estudo pormenorizado sobre o tema das armas também poderia se colocar como outro ponto valioso para o nosso debate. Acima de tudo: o motivo central se põe radicalmente fora do alcance da consciência de quase todos os que vem acompanhando tal assunto nos noticiários dos principais veículos de comunicação do Brasil e do mundo.
E é exatamente sobre esse último ponto que, ora, pretendo me deter nesse texto. Na verdade, não teríamos mesmo espaço hábil para esmiuçar todos os fatores que podem estar envolvidos com o triste ocorrido. A despeito de tudo, não há como se ter dúvidas: o ato criminoso seja ele qual for, por si, e de maneira quase redundante, tem estreita relação com o que se passa no interior do psiquismo, no mais íntimo da mente humana – com tudo aquilo que se traz de uma longa e pregressa vida tendo por base suas múltiplas experiências. O trágico caso envolveu um jovem com severos transtornos mentais de ordem notadamente psiquiátrica e também psicológica. E que muito pouco (mesmo quase nada!) se fez, ou se vinha fazendo para que ele tivesse um tratamento à altura da gravidade do seu quadro. O assassino de Realengo recebia nenhum tipo de tratamento para seus problemas. Problemas que já o colocavam no lugar de alguém muito estranho – com hábitos também não menos do que isso! – aos olhos de outros sujeitos que estavam ao seu redor. Restava-lhe tão somente a clausura de um quarto para a sua existência! Talvez pudéssemos dizer que, caso ele estivesse se submetendo aos tratamentos psiquiátrico e psicológico de forma sistemática (de verdade!), tal fato bárbaro não tivesse se tornado trágica realidade. Ao final, mais uma hipótese. Bem sei!
Paralelamente à tristeza decorrente das perdas irreparáveis, haveremos de negritar o fato do descaso para com as coisas do emocional, do psicológico, coisas as subjetividade humana em sua forma mais ampla e diversa. Descaso para com alguém que dá sinais evidentes de estar passando por situação de grave sofrimento psíquico. Convém lembrar que quase sempre o capital vem, na atualidade, prevalecendo em detrimento daquelas coisas que são mais íntimas no humano, e que determinam o seu particular modo de existir e sentir nas sociedades. Quase sempre os elementos que se ligam ao campo do ser (e não do ter!) são utilizados como motivadores de deboches variados. Pouco valor costumam receber! O exterior tomou posição de frente em detrimento do interior. De modo geral, as sociedades atuais vem desconsiderando o intangível e o essencial. Aquilo que é da ordem do concreto e inessencial vem assolando quase todos os sujeitos da contemporaneidade. Vivemos, na atualidade, o fatal descaso para com tudo aquilo que é da ordem das emoções mais humanas e verdadeiras. Sim. Sim. Sei bem que isso, ao final, soa como algo que se instala no campo daquilo que é piegas, mas é exatamente isso. Isso mesmo. E precisa ser dito desse modo! Um estranho, recluso em seu quarto e com comportamentos repetitivos passou despercebido aos olhos de muitos. Se não de todos! Como isso se explica? E no que tudo isso deu?!!
É fato: o cruel crime tido no bairro carioca nos coloca a pensar sobre aquilo que vimos fazendo conosco, com as nossas emoções e subjetividade, e também com as dos outros que, muitas vezes, estão muito próximos a nós. Ensina-nos sobre como vimos olhando para nós mesmos, e também para o outro semelhante. Sobre o lugar devido da saúde mental num mundo imagético, hedonista, da resolutividade, possessivo e consumista, do rápido atingir das metas, da pronta e expressa entrega e do eficiente autoatendimento. Para onde todas essas ideologias autossuficientes e autocentradas estão nos levando dia a dia? O hediondo caso dos adolescentes assassinados, sem chances alguma de defesa, nos ensina sobre o grau da loucura que as sociedades vem produzindo, ativando e detonando nos sujeitos de forma geral – isso já desde tenra infância! Até quando seguiremos desse modo?

Robson Mello

segunda-feira, 4 de abril de 2011

A Segunda Gota da Rosa - Justiça no Tejo

 Eu sabia que ele viria... já passavam cinco horas desde que comecei minha vigília... e nada daquele sanguinário.

Por que as ruas de Lisboa tem de ser tão sujas? Parece q estou de guarda ao lado do tietê... maldito Tejo poluído.... não podia perder o foco, ele logo viria, e eu precisaria apenas de uma bala se usasse bem a popular Sniper...

Fausto Calos Fortuna... ou melhor, Major Fortuna, alto, branco, um grande nariz(do tamanho do seu maldito ego), bem um típico madrilenho, reservista do exército espanhol, Treinado pela Cia em 1963 e especialista em tortura... vendeu seus “conhecimentos” a ditadores latinos, monarcas árabes e todos os déspotas ao redor do mundo. Em suas demonstrações tinha o prazer de demonstrar pessoalmente em um cobaia o quão eficiente eram suas técnicas aprendidas com os americanos...Depois da morte de Franco e da democratização espanhola, ele, como bom covarde de dez estrelas, fugiu para Portugal, levando uma vida pacata as margens do tejo, mas viajando o mundo por mais sangue....

Sexta hora se foi... já passam das 23h ele ainda não veio ver suas putas em seu bordel favorito... Senti algo quente correndo próximo a minhas pernas paralisadas. Maldito RATO!, perdia ali o major em sua entrada triunfal a outra noite de prazeres... Esse pequeno momento de desatenção me custaria várias horas a mais de espera em meu esconderijo em um dos milhares de prédios abandonados nas estreitas e coloniais ruas lisboetas.

Restava respirar fundo, tomar um profundo gole do melhor café boliviano e voltar a mira atenta... Mas agora, não poderia dar a ele a morte rápida que Gabriel me pedira... para que dar uma morte rápida a quem fez e faz tantos sofrerem? Não... isso não seria justo, ele precisa sentir o sangue na garganta, ele tem que sentir o ar faltar e se desesperar ao ver a morte viva lhe abraçar sem que ele possa escapar.... Mas também não podia esperar até o amanhecer novamente....

Corri escadas a baixo até uma construção no cruzamento das ruas... subi improvisando os tubos de ferro como escadas, até q eu tivesse visão perfeita da cama que o infeliz normalmente se distraia... Confesso que a arma nas costas dificultava um pouco a locomoção, mas nada que realmente aplacasse o minha ansiedade pelo tiro justiceiro...

Me posicionei no 8° andar...arma em punho, mira ajustada... esperei mais uns 20 minutos, e pela porta entrava o Major Fortuna... Nem poderia supor ele que estava em minha mira...

Calmamente ele tirou o paletó, rindo e falando com a puta como se conhecesse ela ou qualquer pessoa que já tivera passado em sua vida de alguma forma... tirou a gravata, foi abrindo botão a botão da camisa com suas unhas sujas de sangue milenar e dedos porcos...

No quinto botão, meu dedo beijou o metal do gatilho e como num passe de mágica, o amaldiçoado major estava sentindo seu fôlego sair pelo pulmão, sua camisa azul encharcando-se de sangue, e finalmente sangue dele! Como foi delicioso ver ele se contorcer a cada gota perdida, a cada sentimento de asfixia... Tenho certeza que3 naquele momento ele pensou em todos os seus assassinatos e espero que tenha percebido q foi vítima, não da rosa branca, mas sim de si mesmo...!

A Bala cravejada com o desenho da rosa perfurou seu pulmão e o fez contorcer na cama antes do seu próximo gole de uísque 12 anos.

Simples, mais um canalha devolvido ao diabo, pois essa é a Vontade de Deus.

Daniel Gaspar